O trânsito da Indonésia deve estar no topo da lista entre os mais caóticos, perigosos, desorganizados e estranhos do planeta. Pegar qualquer meio de transporte aqui é adrenalina pura e medo total. Aqui em Semarang existem pouquíssimos semáforos, mas parece que eles servem só de enfeite, porque quase ninguém nunca para. Atravessar a rua então é beeem complicado. Você tem que começar a andar e ir pedindo pros carros irem parando com a mão, torcendo pra não vir uma moto da direção contrária e pras pessoas serem simpáticas o suficiente pra deixar você ir. Ninguém respeita muito nenhuma lei de trânsito, placa, fluxo, calçada, contramão.. na real não respeitam nada ahaha. É meio livre pra se fazer o que quiser. E pra ir em quantas pessoas couber.

Segurança e transporte público de qualidade nível Indonésia. Fotos tiradas pela minha Polonesa favorita :)

Aqui na Indonésia dirige-se do lado esquerdo, o que torna a bagunça ainda maior. Este imenso país foi colonizado por Holandeses, que dirigem do lado direito, OU SEJE, dirigir do lado esquerdo não segue lógica nenhuma. Quantas não foram as vezes que eu fui em direção ao carro e tentei entrar do lado do motorista achando que era o lado do passageiro, e quantas mais não foram as vezes que eu tomei mo susto achando que o carro estava andando sozinho, sem motorista e gritei saisaisai com medo de ser atropelada (Ana Maria Braga <3).

 
Comofas pra trocar a marcha com a mão esquerda?

Não sei se dá pra ver bem na foto, mas outra coisa é que aqui, os carros com ar condicionado só contam com a partezinha azul, que é a que deixa o ar gelado :) Não é igual no Brasil, onde você tem ar quente ou ar frio. Faz toooodo o sentido nesse calor, porque se você quiser o modo sauna é só abrir a janela por 10 segundos.

Fora os carros, a Indonésia conta com uma infinidade de outros meios por-vezes-estranhos de locomoção.

Moto
É de longe o principal e mais utilizado meio de transporte aqui na Indonésia. Por ser barato e prático, todo mundo tem sua própria moto e até as crianças sabem dirigir desde pequeninas. Já vi uns garotinhos que deviam ter uns 9 anos dirigindo.. A moto ~supostamente~ foi feita pra ser usada por 2 pessoas no máximo, mas esqueceram de passar essa informação aqui pra Indonésia, viu? É super comum  ver 3 ou 4 pessoas na mesma moto, principalmente umas crianças esmagadas ou de pé (??) no meio dos pais.


VEMGENTE que ainda tem espaço pra mais um!

O capacete é um luxo usado somente pra longas distâncias ou pra grandes avenidas, mas em compensação a buzina parece que fica ligada no automático. Eles buzinam pra QUALQUER coisa, se um carro tá perto, se tem pedestre querendo atravessar, se tá Sol, se o farol fechou, se vai chover.. 

Motoqueiros selvagens.

Angkot
O meio de transporte que eu mais uso! É uma vanzinha bem pequenininha e funciona tipo um mini-ônibus, mas muito mais porcamente ahaha Cabem umas 10 pessoas dentro, mas usualmente tem umas 15. O Angkot não tem valor certinho, mas normalmente se paga 3.000 rupias (0.60 centavos) cada viagem.  Se o lugar for muuuuuito pertinho o povo paga 2.000 e se for muito longe 4.000. OBVEAMENTE que sempre tentam me fazer pagar 5.000 por ser estrangeira, mas eu dou os 3.000 e já saio andando :)


Por fora e por dentro dessa ~belezinha.

O motorista claramente visa sempre o maior retorno monetário pra sua pequena vanzinha, o que significa que ele vai dirigindo e GRITANDO pra todo mundo na rua o lugar pra onde ele tá indo e vendo se ninguém quer ir também, ziguezagueando entre os dois sentidos (sim, na contramão também). Não existe ponto, então se você quiser pegar o Angkot, é só olhar pra cara do motorista, porque ele já vai estar parado do seu lado, gritando pra você entrar. Pra descer, é só dar um outro grito lá do fundão. Quando o carro tá vazio, ele simplesmente para em algum canto e fica esperando o povo aparecer ahahaha Se você tá com pressa é uma beleza.

Angkot carregado de "bules" :)

Ojek
É o esporte mais radical da Indonésia ahaha É um moto-táxi, obviamente mais barato que os táxis comuns e claramente muito mais arriscado e perigoso. Os motoristas de Ojeks devem ser pessoas que sonharam e tentaram a carreira como pilotos de moto em corridas, mas não tiveram sucesso. Daí eles decidiram aplicar todas as teqniques da corrida nas ruas de Semarang, com os inocentes passageiros. Esse é aquele tipo de meio de transporte que você usa sabendo que não deveria usar. Os motoristas vão super rapidinho, colocam as motos nuns buracos que você tem CERTEZA que não cabe uma moto e dirigem até pela escassa e esburacada calçada da cidade.

Pra ir pra casa dos meus amigos eu demoro uma meia hora de táxi, e uns 50 minutos de Angkot. Peguei Ojek e cheguei em 12. Sem brincadeira.


Ônibus
Bom, o ônibus daqui poderia ser um ônibus normal, mas estamos na Indonésia né. Os ônibus que circulam dentro da cidade são relativamente normais, mas eu só peguei uma vez e nem lembro quanto paguei. Mãaas em compensação os ônibus que fazem as rotas entre as cidades próximas tão em outraaa categoria. Eles são todos extremamente velhos, sujos, com gente fumando dentro, vendedor ambulante, sacolas por todos os lados e lotados no melhor estilo Calmon Viana. E quando eu digo sujo é sujo mesmo.


Não é só pelos 20 centavos!

Além disso, seguindo a mesma lógica dos Angkots, os motoristas de ônibus sempre tentam enfiar o maior número de pessoas dentro do veículo. Eles contam com a ajuda de uma pessoa que tem como única função na vida ficar pendurada pra fora da porta, gritando e puxando as pessoas pra dentro do ônibus. Então se você pegar uma viagem de 3 horas e sentar no fundão, serão 3 horas com esse ser humano do seu lado gritando com o corpo meio-dentro-meio-fora do ônibus. E quando alguém que subir/descer do ônibus, esse ajudante desce antes e vai parando os carros, pra ter certeza que o passageiro vai conseguir fazer a travessia sem morrer. Tudo isso claro, com o ônibus em movimento porque o motorista não paaaara pra nada, ele só diminui um pouco a velocidade.

E estaria tudo bem se pelo menos o ônibus andasse numa velocidade decente, mãaas tcharam, claro que ele não anda. Parece que não existe freio, mas a mão do motorista tá grudada na buzina. O ônibus vai balançando o percurso inteiro. No começo você tem certeza que ele vai capotar na próxima curva, não é possível. Mas depois de um tempo você desiste de ver lógica no trânsito daqui e confia.

Profissão: Catador de passageiros perdidos pelo caminho.

Becak
É uma bicicleta grudada com um carrinho, onde você vai sentado e o moço vai pedalando e te mostrando a cidade. Eu nunca usei e acho que é muito pra turistão preguiçoso. Não sei quanto que custa, mas não deve ser muito, até porque a qualidade do carrinho é totalmente duvidosa e a probabilidade dele quebrar com você sentado parece grande.

O tétano vem de brinde com a passagem.

No centrinho de Semarang há só alguns Becaks e eles sempre ficam tentando chamar os turistas, meio que perseguindo com a bike. Já em Yogyakarta há centeeeeeeeeeenas deles espalhados por toda a cidade. Eles fazem uma fila de bikes e ficam todos sentados nos carrinhos, esperando alguém aparecer. Não vi quase ninguém usando e realmente não sei como eles conseguem ganhar algum dinheiro porque são MUITOS e todos eles estão agrupadinhos o tempo todo, só esperaaaando.

Motorista de Becak tá sempre sentado no carrinho, com o cigarrinho na mão.

Taksi
O nosso famoso táxi, mas com tarifas mais honestas. O problema é que eles cobram uma taxa mínima que VAREIA de 15.000 a 20.000 rupias dependendo da cor do táxi, então se você tá indo pra algum lugar pertinho não compensa. O outro problema é que os motoristas daqui tem certeza que falam inglês. Todas as vezes que eu peguei táxi eu nem perguntei, mas todos muito solícitos me disseram que sim, falavam inglês. Daí eles sempre fazem aquelas perguntas básicas do tipo da onde você é? Qual seu nome? E só. A partir daí eles começam a conversar em Bahasa, juro. E acham que você tá entendendo, continuam fazendo perguntas, soltam a mão do volante pra gesticular. Não interessa se você já falou que não tá entendendo, eles continuam. Eu só sorrio e quando parece que foi uma pergunta eu dou uma variada no  sim e não :)

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E o mais incrível daqui, é que o trânsito simplesmente funciona. Desde que eu cheguei, não vi nenhum acidente, nem batidinha de leve. Tem horas que você tem certeza que vai bater, mas magicamente nada acontece. Ou você tem certeza que a moto não vai passar, mas passa. Como um amigo meu diz quando não sabe a resposta pra alguma pergunta sobre o país: well, is Indonesia, baybe.