Um mês morando aqui no tão tão distante e pequeno condado de Kolding, na Dinamarca. Uma cidade com menos de 60 mil habitantes, castelos, casinhas antigas e pessoas sorridentes :)


A quase vista da minha janela :)

Para se ter noção, a população da Dinamarca inteira não bate os 6 milhões de habitantes. Só na cidade de São Paulo somos 11 milhões de pessoas! 
Quando eu ia para a faculdade, pegava as 3 linhas do metrô+trem e demorava 1h30 pra chegar na tão tão tão-mais-que-distante USP leste. Aqui, em exatos 7 minutos e indo à pé eu to dentro da sala de aula :)
Bom, lá vão minhas primeiras impressões sobre o país nesse mês.

1. A Dinamarca é um país caro

E com altos salários, lindas casas e um ótimo padrão de vida. Pra começar, mesmo fazendo parte da União Européia a Dinamarca fofinha decidiu não mudar suas Coroas Dinamarquesas pelo Euro. E a conversão é mais ou menos: 1 DKK para R$ 0.60 (JEOVÁ que já subiu, porque quando eu cheguei aqui era 1 DKK para R$ 0.50). Bom pro povo de humanas aqui que só precisa ir no mercado, bar, restaurante, e dividir a conta por dois pra ver ~mais ou menos~ o quanto pagaria em reais. O resultado fica sempre entre vontade-de-chorar, vou-comer-macarrão-de-novo ou jejum-forçado.

Todos demos as mãos e choramos quando na primeira semana fomos pra um barzinho e a minha amiga pediu uma cerveja (sem perguntar o preço, inocente) e pagou 64 DKK. Soma ali, divide aqui, e voilá, 38 reais por um copo de cerveja. #VemNovaSchinQueEuTeAceito

7 reais uma garrafinha de Coca e de brinde, você ainda paga mais 2 DKK pela embalagem!


R$1,20 A BANANA. A unidade. Peça. Não é quilo não! E nem é gostosa! :(

Em compensação, descobri que a Dinamarca é o país da cenoura! Já fizemos cenoura cozida, assada, frita, purê, sopa! Tome-lhe betacaroteno! Eu até voltaria pro Brasil com a pele morena, SE o Sol batesse aqui na Dinamarca.. Queijos, molho pesto, cogumelos e sucrilhos são mais baratos que no Brasil e isso é basicamente a minha cesta básica dinamarquesa. O mais engraçado é voltar pra casa, abrir a geladeira (que eu divido com mais 3 pessoas) e ver todo mundo com as mesmas coisas nas prateleiras, porque "era o que tava em promoção no mercado". 

2. Bicicletas por todos os lados = amor

A Dinamarca é um dos países mais planos do mundo, o que facilita a vida de todo ciclista. E em TODAS as estradas e ruas que eu andei até hoje, existem faixas exclusivas para a magrela. O mais legal é andar pela cidade e ver crianças, jovens, velhinhos, todos pedalando por aí. O estacionamento de carros da minha faculdade está sempre vazio, enquanto é sempre difícil achar um lugarzinho para a bike. #AdotaSP


#SelfãoNaCiclovia

Até nas "grandes" rodovias, a faixa está sempre lá. Fomos passear numa ilha que tem 16km de extensão e em TODO o percurso tinha a faixa.

Ciclofaixa com vista para as ovelhinhas simpáticas :)

3. É um país super seguro

Ir ao banheiro e deixar a bolsa, o notebook e o celular na mesa? Sim. Voltar e eles estarem lá? Sim também :)

Só para constar:
- O posto da polícia da minha cidade abre apenas 3 VEZES na semana. E por apenas 4 horas. O que me só me leva a crer que não há muito o que fazer como policial dessa cidade. E eu ainda acho que o postinho fica aberto na semana só para atender os imigrantes que chegam, e não para registrar ocorrências.

- Cadeado para bicicletas é luxo. Todo mundo deixa as bikes soltas por aí, sem se preocupar se elas estarão lá quando voltarem. Eu e minha amiga espanhola no humor negro comentamos juntas que nos nossos países, mesmo com cadeado, às vezes você volta e a bike não está mais lá. Ou tá a só a roda e o cadeado, sem o resto da bike. :(

Uma outra amiga holandesa me contou que em Amsterdã inclusive rola a cultura da bike coletiva. As bikes ficam sem cadeado, se você precisar pega, vai, traz de volta, pega a da outra pessoa, e assim vai. Tudo junto, tudo nosso.

Bikes sem cadeado, na praia, tirando a maior onda.

4. É Frio!

Eu só queria salientar que ainda estamos no verão. 

Verão 9° de febre.

É verão e chove quase todo dia (SDDS chuva ácida de verão de SP que dura 10 minutos), os ventos chegam à 50 km/h (acabei de inventar um número qualquer, mas 50 parece forte o suficiente) e mesmo quando o Sol sai nunca tem gente usando cachecol e touquinha. COMO SOBREVIVER NO INVERNO? Não sei.

Já foi! :(

5. Cultura por todos os lados

Mesmo a cidade sendo minúscula, rolam váaaaaarios eventos de graça quase toda a semana. 

Show no quintal da Uni :)

A biblioteca também é sensacional e é super simples fazer a carteirinha pra pegar livros emprestados, usar os computadores e as salas de reuniões. Tudo de graça. Logo na esquina de casa existe uma casa de cultura, que no verão exibe filmes ao ar livre, palestras, workshops e adivinhem? Também tudo de graça.  


Cinema ao ar livre, na porta de casa :) (mesmo o filme sendo em Espanhol, com legendas em Dinamarquês ahaha)

6. Dinamarquês = Língua Impossível

Olha, já desisti. Na primeira aula de dinamarquês a professora veio com esse método muito bom mesmo de ensino que consiste em: só se comunicar com a gente em dinamarquês, esperar que a gente entenda o que ela falou E RESPONDA. Não satisfeita, ela também inventou de falar frases aleatórias em voz alta e pedir pra gente repetir, claro que sem explicar o que elas realmente significavam. Deu super certo, viu? ahahaha -risos de tristeza, porque nem em mil anos eu vou aprender essa língua-. 

Gente, pra que inventar letra nova? 
E não importa se você tentar ler alguma coisa, a pronúncia vai ser totalmente diferente do que está no papel. Se tiver um J, pode ter certeza que o som vai ser de sei lá, V. Se tiver um E, vai sair um A. A dica aqui é "ler" com uma pronúncia que você tem certeza que não faz sentido, que as chances de acertar são maiores. Sério.

Então o que eu decidi fazer? Focar no que é importante: sei pedir cerveja e falar "Cheers" em dinamarquês. Preciso mais do quê? :)