Dando um tempo nas aventuras da Ásia pra descobrir lugares maravilhosos que ficam a menos de 2 horas de casa :) A cachoeira da Fumaça em Paranapiacaba é um desses lugares que você pensa "Caramba, moro em São Paulo desde que nasci e porque diabsss nunca fui?".



Resolvi escrever o post porque foi realmente difícil achar alguma informação na internet de como chegar na cachoeira. Decidimos meio em cima da hora, depois que um amigo viu uma reportagem sobre cachoeiras e, já no dia seguinte, seguimos rumo à Cachoeira da Fumaça.

O ponto de encontro era a estação Tamanduateí, que faz ligação com a CPTM, às 6h30 da madrugada. Acordei às 5h45, o que indica um mau humor matinal forte e descontrolado. Pequenos atrasos à parte, pegamos a linha 10 da CPTM, com destino à Rio Grande da Serra e descemos no ponto final. Pegamos então o ônibus sentido Paranapiacaba e pedimos para o motorista nos deixar na entrada da trilha para a cachoeira.

DAÍ começou a confusão. No começo o motorista não se lembrava direito onde que era a entrada, mas nos deixou numa estradinha que começava no meio da rodovia. A única referência que tínhamos era: próximo a empresa Salvoy. Logo na entrada dessa estradinha tinha, tcharam, um logo da Salvoy e uma placa turística do "Caminho do Sal" :) Susse, vamos que vamos. Só que essa estrada era larga, de terra, recheada de pedrinhas e placas de PERIGO, NÃO ESCAVAR, e em nada lembrava uma trilha. Não havia também nenhum ser vivo para dar qualquer informação.

Hora de apelar para a tecnologia, com o sinal de celular já capengando. Pesquisamos como chegar na Cachoeira da Fumaça e o primeiro resultado: "DESESPERO E MEDO, diz perdido na mata de Paranapiacaba". SHOW. Segundo resultado: "Trilha e Assalto em Paranapiacaba".

Um pensamento:

Andamos por mais de uma hora, seguindo alguns instintos (todos errados), até realmente aceitarmos que aquele caminho não era o da trilha da Cachoeira da Fumaça. Decidimos então voltar para a rodovia, e procurar alguém que tivesse uma informação mais concreta. Quando estávamos bem próximos do começo da estrada, um carro passou por nós e disse que era só virar em alguma esquerda para começar a trilha, perto de um poste de luz ahaha Informação bem dada é tudo na vida! Como já estávamos próximos, decidimos continuar até a rodovia e ter certeza da onde começar.

O sinal de celular era bem melhor na estrada e achamos um site com informações realmente úteis de como chegar na cachoeira: link. Nesse mesmo instante, um ônibus seguindo rumo a Paranapiacaba passou e o motorista disse que estávamos no lugar errado, que a entrada para a cachoeira era logo à frente na rodovia. Super simpático, ele deu uma carona e deixou a gente bem na frente da entrada da trilha, que fica entre os dois pontos de ônibus.

O verdadeiro começo da trilha!

E havia sim um poste uma torre gigante de eletricidade, logo na entrada, com dezenas de tênis amarrados. Começamos a verdadeira trilha com o Sol já queimando forte, ao meio-dia (sim, as 2 horas e pouco rodando na outra estrada foram só aquecimento ahaha). Mata meio fechada, com VÁRIAS poças gigantes de água e lama. Alguns amigos decidiram tirar o tênis pra não molhar, alguns foram de chinela, alguns descalços e eu, na primeira poça, já tinha molhado o tênis, a calça e afundado meio metro. Sem problemas, seriam só mais 2 horas de trilha com o tênis molhado, pesado e o pé enrugando :)

Andamos por um bom tempo nessa mesmo caminho, até começarem os pantanais da lama profunda. Uma pisada em falso e um pé carregado da mais pura lama fedorenta pelo resto da trilha. Nessa hora uma amiga perdeu a SOLA do sapato, uma quase perdeu o chinelo e afundou até o joelho, e eu fui carregando 5 kilos  de lama em cada pé até o fim da trilha.

Tentando a sorte de atravessar o lamaçal sem afundar para o banho de lama.

Quando você realmente acha a entrada da trilha, não tem muito como se perder. É só seguir reto por todavida, se mantendo na trilha e não afundando na lama. Em algum momento, a trilha vai ficando mais estreita e mais funda. Não sei se nessa parte deveria haver muito mais água, mas estava quase sem nada por causa do período de secas em São Paulo.

O volume morto do que parecia ser um riozinho e todo mundo ainda feliz e animado no começo da trilha!

Depois de seguir todo esse valezinho, achamos a única bifurcação da trilha toda. Quando chegar o ponto da dúvida, tome a direita, atravesse um micro-riozinho e continue seguindo que logo aparecerá um rio maior e em seguida uma prainha com uma micro-cachoeira.

Paradinha para descanso no riozinho e a prainha logo à frente.

Depois de fazer uma paradinha no rio, passamos por uma prainha, e continuamos seguindo a trilha. À partir desse ponto, a trilha segue o percurso do rio. Normalmente você se mantém na margem esquerda, mas às vezes a trilha termina e você tem que cruzar o rio, e continuar do lado direito. Há um barranco xigante, então todo cuidado é pouco pra não sair rolando terra abaixo.

Depois de andar mais um pouco, você chega no mirante da trilha. A vista é espetacular! Todo o cansaço vai embora e o pé gangrenado dá uma aliviada. Lá no fundo está Cubatão, super reconhecível pelas chaminés e pela fumaça, e o mar. Não dá pra ver muito bem na foto, mas juro que pessoalmente tudo fica mais lindo e visível ahaha

A vista do mirante: a natureza sendo perfeita, sempre.

Depois de voltar à trilha e seguir mais um pouco, chegamos numa primeira cachoeira no meio do rio, mas decidimos continuar até o fim da trilha antes de entrar na água. Essa segunda parte é feita toda ao lado direito do rio, e em algum momento um outro rio começa a nascer também desse lado e se junta com o rio da trilha. Só continuar seguindo o fluxo da água e em poucos metros você finalmente estará no pico da Cachoeira da Fumaça.

Felicidade no topo do mundo :)

A cachoeira estava com o volume de água bem baixo, exatamente por causa do período que São Paulo vive, mas não por isso menos espetacular. A vista é incrível e faz todo esforço valer a pena! Depois de um tempo, voltamos para a cachoeira menor que havia no caminho e finalmente coloquei o cabeção debaixo da água congelante para tirar as urucubacas dessa vida hahaha

O caminho de volta foi mais tranquilo, mas é preciso tomar cuidado porque a mata começa a escurecer bem antes do Sol se pôr. Começamos a subir a trilha por volta das 17h e a mata já estava escurecendo rapidinho. Quando chegamos à torre de energia da entrada da trilha, eu quase joguei o meu tênis junto com todos os outros que estão pendurados lá, mas a dó foi maior. A sorte foi ter levado um chinelo que salvou a vida e meu pé enrugado e morto.

A trilha da Cachoeira da Fumaça não é difícil, mas é longa, então não tenham medo de exagerar na comida, porque eu achei que voltaria cedo e no meio do dia estava roxa de fome ahaha Sorte que teve uma boa alma que encontramos na cachoeira e dividiu as frutas dele comigo <3 A falta de placas e de alguma sinalização é o mais complicado, mas depois de achar a entrada, tudo correu bem certinho.

Tão bom ver que São Paulo tem lugares incríveis para se conhecer, sem gastar quase nada!